sexta-feira, 18 de junho de 2010

A noite caía no Arpoador, pôr do sol turvo, embaçado pelas minhas lágrimas. Procurava retomar meus sentidos, mas as ondas entravam em minha mente, incapacitando-me de pensar, de sentir, de ouvir. O torpor me consumia por inteiro, sentia que se deitasse na pedra já fria não seria nunca capaz de me levantar. Um homem, com não mais de vinte anos me ofereceu ajuda. Eu aceitei um abraço e um ombro pra chorar. O vestido preto que me levara acidentalmente àquele lugar e a rosa vermelha que eu carregava em minhas mãos, fizeram o rapaz deduzir de onde eu tinha acabado de fugir. Timidamente me dizia que tudo ia ficar bem mas eu não conseguia ver como. Os esforços para as lágrimas não cairem eram em vão e em um determinado momento, perdi as forças e tudo ficou sombriamente escuro. Logo, minha mente também se apagou.

Apareciam os primeiros raios de sol por detras das montanhas, e batiam em meus dedos gelados, machucados pelo frio da madrugada. Os raios iluminavam meu rosto entorpecendo meu pensamentos e sentimentos até restar apenas a deslumbrante natureza daquela lugar pacato, que eu olhava, mas não conseguia ver. Meu irmão, que havia adormecido, vencido pelo desgaste emocional das ultimas semanas, acabava de acordar e se juntar a mim num longo abraço. Perguntava se tudo ia ficar bem. Eu repetia as mesmas palavras daquele desconhecido que nunca descobriria o nome e dizia que sim, que tudo ia ficar bem. Mas no fundo, eu ainda não conseguia ver como.

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