É no auge da necessidade de um abraço que me sinto sozinha. Queria conseguir encontrar um lugar para chamar de meu. O quarto que durmo todas as noites não me pertence e as paredes não mais parecem ter sido decoradas por mim. Assim como o resto do quarto. Assim como o resto da minha vida. Meu cachorro morde a pata agoniada por eu ter acendido a luz na madrugada, e ter acordado-a. E ela? Me pertence? Ou mais importante: quer pertencer a mim?
Tudo me incomoda. Desde o pingo do ar condicionado do vizinho até o modo em que se preocupam comigo. Ou fingem se preocupar. Sou obrigada a ligar meu próprio ar condicionado para abafar o som do outro. O frio gela meus ossos e congela minhas lágrimas. Escrevo para desabafar. Não acho que de fato alguém goste dos meus textos. Isso se alguém no mínimo se interessar em le-los. Pouco importa.
Antoine de Saint-Exupéry uma vez disse: ''tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas''. Não acho que ninguém se sinta responsável por mim.