quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ela nunca havia sentido as coisas tão viradas quanto sentia hoje. Não sabia exatamente quando tinha começado, mas sentia virar fumaça sem poder fazer absolutamente nada. Ia perdendo-o por entre os dedos, sem saber como fecha-los para sustentar um resto que fosse. Via escorregar. Não podia também, dizer que gostava dele. Nem que desgostava. Acho que gostava de vez em quando. Gostava quando ele a levava em casa e brincava de um jeito leve com ela. Quando dormiam abraçados, tão juntos, num ponto que sentiam os batimentos cardíacos um do outro. Gostava das tardes que passava na casa dele, aquelas tardes que pareciam segundos, e os minutos sempre podiam ser prolongados.

Mas existiam os momentos que não gostava dele. Os momentos que pensava como podia estar com ele. Acontece que todos tem seus defeitos. E ela pesava defeitos e qualidades, como numa balança. Ora os defeitos pesavam mais, ora eram as qualidades. Mas, avaliando de um modo geral, ela estava convicta do que queria. E desistir não era exatamente sua escolha. Ou era?