quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Pegou um caderno antigo onde deveria estar fazendo anotações sobre história da arte e tentou botar em ordem seus sentimentos. Apesar do frio da sala, lá fora podia-se ver o sol queimando as árvores e o vento o acalmando-as. No quadro, viam-se frases de Malevich e uma delas chamou sua atenção. ("...essencial é a sensibilidade em sí mesma, independentemente do meio em que teve origem."). Poderia ela, sabendo o meio em que sua sensibilidade teve origem, descarta-la? Pensou em que momento tinha se tornado sensível. Sugeriram o momento em que ela aceitou a situação. Talvez. Quem sabe? Agora estava vendo imagens de Renné Magritte e pensando no surreal. Surreal mesmo eram as pessoas tentando entender ou opinar na intimidade alheia.

Saiu da sala e foi tomada pelo vento quente do corredor. Não suportava o calor, nem a praia. Uma das coisas que menos gostava era sentir a areia grudando em seu pé, perna, corpo inteiro. O mesmo corpo que agora tremia, como se espiritos houvessem passado por ele. Seus pensamentos voaram para longe e de repente já não prestava mais atenção em nada. Gastou seus ultimos 3,50 com um café, não se preocupando muito com como voltaria para casa, esse era outro problema. Sentou no meio fio e acendeu um cigarro se sentindo assim menos sozinha. A cada trago, uma pessoa diferente passava. A cada trago se perguntava qual sentimento definiria cada uma daquelas pessoas. Agora, não saberia responder a propria pergunta se alguem a fizesse.

Maio 2011

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